Nesta quarta-feira (5/2), o deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para repercutir denúncias graves contra a gestão da Organização Social de Saúde (OSS) Agir no Complexo Hospitalar Sul. O parlamentar criticou a mensagem anual do governador Wilson Lima (UB), apresentada na abertura dos trabalhos da 3ª Sessão Legislativa da 20ª Legislatura, alegando a falta de menção às dificuldades enfrentadas pela população, na tentativa de mascarar a verdadeira situação do Estado.
Em Sessão Ordinária, Wilker Barreto voltou a cobrar transparência na gestão da saúde pública e alertou para a insistência do governo em manter contratos com Organizações Sociais de Saúde (OSS), mesmo diante de denúncias de irregularidades. O parlamentar destacou que a administração estadual se recusa a fazer uma autocrítica e ignora os problemas enfrentados pela população.
“Eu preciso repercutir que a mensagem do governador que ocorreu no dia 3/2, nesta Casa, me preocupou. Porque vejo um governador e um governo, melhor dizendo, que acham que a saúde está no caminho da excelência. Que não faz uma autocrítica e que pior, a solução, segundo ele, é na direção que nós mais abominamos: a falta de transparência, a falta de clareza de organizações sociais que explodem escândalos Brasil afora”, declarou.
Caos no Complexo Hospitalar Sul
O caos instalado no Complexo Hospitalar Sul, que compreende o Hospital 28 de Agosto e o Instituto Dona Lindu, sob a administração da OSS Agir, também foi alvo de duras críticas. Wilker Barreto denunciou a situação alarmante das unidades, que frequentemente é divulgada pelos próprios pacientes, destacando a falta de experiência dos profissionais contratados pela Agir, desmentindo a publicidade do governo e comprovando a situação caótica da saúde.
“Imagens registradas por pacientes do Instituto Dona Lindu desmentem o governo e comprovam a situação da OSS. Detalhe, está caindo que nem um ‘reloginho’ dos R$ 31 milhões. Agora pergunta como se encontram hoje os fornecedores atuais da FCecon, do Hospital João Lúcio, do Hospital Platão Araújo? Todos sem receber. Mas a OSS está recebendo em dia”, destacou.
Além disso, Barreto também reforçou a gravidade do problema ao citar um relatório do Conselho Regional de Medicina (CRM), que atesta as deficiências da administração e suas consequências diretas no atendimento à população. O relatório revela crise nas especialidades médicas, tendo em vista que médicos experientes foram dispensados sem qualquer explicação, a falta de material e a escassez de leitos.
“Tem um documento de uma inspeção do Conselho Regional de Medicina onde os conselheiros atestam que a gestão do hospital não tem cumprido as expectativas e isto é grave. Sabe por quê? Pela inexperiência. Quem está dizendo não é o deputado Wilker Barreto. O Conselho Regional de Medicina atestou que os médicos que atendem não têm experiência e o Hospital 28 de Agosto é a maior porta de entrada”, alertou.
Provas da ineficiência do modelo
O deputado ainda fez questão de criticar o formato do workshop “O Modelo de OSS no Brasil” promovido pelo governo e realizado na Aleam, destacando a ausência de participação da sociedade. Ainda no mesmo dia, a gestão estadual rescindiu o contrato com a OSS responsável pelo Hospital de Lábrea. Wilker lembrou que já havia denunciado as condições precárias da unidade e os sucessivos atrasos salariais dos profissionais de saúde.
“Eu participei de um workshop, que de workshop não teve nada, porque ninguém interagiu com os palestrantes. Naquele mesmo dia, onde claramente a secretária tenta a todo custo, usando toda a comunicação do governo, colocar a excelência nas OSSs, no mesmo dia, o governo estava destratando com a OSS de Lábrea. E os milhões repassados? Quem é que devolve? Sabe quem vai pagar a conta dos atrasos? O povo!”, enfatizou.
Convocação da secretária estadual de Saúde
Por fim, o deputado Wilker Barreto anunciou que protocolou a convocação da secretária estadual de Saúde, Nayara Maksoud, para que ela se apresente à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, com a exigência de um relatório que já foi chancelado e aprovado pela comissão. O parlamentar reforçou que continuará cobrando respostas e não deixará o assunto ser encerrado sem que a verdade seja plenamente esclarecida.
“Por isso, estou protocolando hoje a convocação da secretária de Saúde dentro do seio da Comissão de Saúde para cumprimento de apresentação de relatório já chancelado e aprovado pela comissão desta Casa. Então, esse assunto só vai se exaurir enquanto a verdade e o convencimento estiverem consolidados. Da minha parte não está. E eu quero deixar bem claro que enquanto eu tiver vez e voz nesta tribuna, eu irei exercer o mandato na plenitude”, finalizou.