A morte de um policial militar nas dependências do Comando de Policiamento da Área Leste (CPA Leste), em Manaus, na terça-feira, (22/4), foi assunto do pronunciamento do deputado Comandante Dan (Podemos) na tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), nesta quarta-feira (23/4).
O policial morto, suspeito de suicídio, pertencia à turma aprovada no último concurso público da PM e enfrentava, segundo depoimentos de colegas de farda, uma rotina exaustiva, com escalas desumanas. O estado de ânimo provocado pela sobrecarga de trabalho foi apontado com uma das possíveis causas de desequilíbrio emocional do militar. Para o Comandante Dan, o fato acontece com veteranos e novatos e é fruto do contingente insuficiente versus a demanda de serviço. “Chegamos ao limite”, declarou o deputado.
“Fala-se em 8,5 mil policiais, o que já é pouco, se considerarmos a necessidade real de 15 mil. Mas na prática são apenas 4 mil disponíveis ao trabalho operacional, 4 mil para todo o Amazonas. As escalas são cruéis e o estímulo às horas extras, o Serviço Extra Gratificado (SEG), é a gota final para o comprometimento da saúde mental dos policiais. Não tenho dúvidas de que há um grito de socorro vindo das mentes e corações dos servidores da segurança pública. Quando falo em contratação de concursados, novos concursos e data-base, há quem interprete como uma pauta corporativista. Não é, a segurança pública está no topo das preocupações dos cidadãos e nossos policiais estão adoecendo, forçados a responder uma sobrecarga à qual são numericamente incapazes. É uma questão de humanidade com as mulheres e homens da PM”, desabafou o parlamentar.
Dan Câmara, coronel da reserva da Polícia Militar e ex-comandante da corporação entre 2008 e 2011, destinou R$ 4,7 milhões de emendas impositivas à área da segurança, em diferentes frentes, desde o tratamento da saúde mental, de forma direta e terapêutica, à reforma e ampliação de delegacias e institutos policiais.
“Melhorar as condições de trabalho também é uma medida em favor da saúde ambiental e mental”, declarou ele.
Mensagens que circulam nas redes sociais e em grupos de aplicativos de mensagem falam de revolta de uma parte dos policiais, tendo como gota d’água a morte do policial. Há indicativos de protestos e movimentos reivindicatórios da categoria.
“Os policiais, que cuidam da segurança com o risco de suas vidas, estão reivindicando em favor da salubridade e das condições dignas do trabalho a que estão submetidos. Eles não estão errados e têm o meu apoio. Chegou a hora de abrirmos o tema à sociedade, em busca de uma solução. O que essas mulheres e homens estão passando é desumano”, finalizou o parlamentar.