Além de conhecerem personalidades indígenas, os discentes também aprenderam diversos elementos constitutivos do modo de vida dos povos originários
FOTO: Eduardo Cavalcante / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar
Mais de 150 alunos do Ensino Fundamental I (1º ao 5º) da Escola Estadual de Tempo Integral (Eeti) Cônego Azevedo, localizada no Centro de Manaus, protagonizaram, nesta quarta-feira (16/04), a 3ª edição da Feira dos Povos Indígenas da unidade de ensino. Com apresentações rotativas, os pequenos estudantes tiveram contato com músicas, danças, culinária, grafismos, lendas, literatura, instrumentos, artesanatos, vestimentas e rituais oriundos de diversos povos originários.
A idealização do evento ficou por conta da professora de Educação Física Araceli Nascimento. Araceli contou que o projeto nasceu da vontade de apresentar às crianças a história do povo brasileiro, há três anos. Agora, estabelecida no calendário anual da escola, a Feira dos Povos Indígenas passou a envolver toda a comunidade escolar, com a presença dos responsáveis dos discentes e também de lideranças indígenas, como a ativista Vanda Witoto.
“Contamos com toda uma mobilização na escola. Professores de todas as matérias contribuem com a organização dos temas a partir dos pontos de estudo possibilitados pelas suas respectivas disciplinas. Esse bom trabalho está possibilitando, inclusive, a gente receber personalidades aqui na escola. Ficamos muito felizes com a presença da Vanda”, destacou Araceli.
FOTO: Eduardo Cavalcante / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar
O evento ocorreu em alusão ao Dia Nacional dos Povos Indígenas, comemorado no próximo sábado (19/04).
Reivindicação ancestral
Professora, ativista, poetisa, compositora e empreendedora, Vanda Witoto foi a primeira pessoa do Amazonas a ser vacinada contra o coronavírus. Engajada também no mundo político, Vanda compareceu à 3ª Feira dos Povos Indígenas levantando reflexões importantes sobre costumes e desafios dos povos originários brasileiros.
FOTO: Eduardo Cavalcante / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar
“Fiquei com o coração cheio de alegria em estar aqui. De ver essas crianças, se mobilizando e se conscientizando sobre questões indígenas. Nossa luta é para que o debate seja feito para além das datas comemorativas, e que a Lei nº 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino de história e cultura indígena e afro-brasileira na Educação Básica, seja respeitada na totalidade do ano letivo”, destacou Vanda Witoto, que é natural de Amaturá (distante 909 quilômetros de Manaus).
Aprendendo sobre respeito
Durante a preparação dos stands de apresentação da sua turma, o aluno Izaac Amador, 8, ficou responsável pela confecção e o estudo de alguns instrumentos musicais de origem indígena. O pau de chuva, o maracá e a flauta de uruá foram alguns dos instrumentos estudados por Izaac. Entretanto, de acordo com o discente, a principal mensagem do dia foi a de respeito aos povos originários.
“Eu aprendi que a gente não pode ‘fazer’ preconceitos com os negros, nem com as línguas indígenas, porque ninguém gostaria que fosse feito com a gente”, compartilhou Izaac.
FOTO: Eduardo Cavalcante / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar
Outras personalidades indígenas também foram abordadas durante a conversa com os estudantes. O escritor Daniel Munduruku, a artista Marciele Albuquerque, a liderança jovem Israel Hukat’i estão entre os personagens que tiveram suas atuações esmiuçadas em discussão com os discentes.