A Sessão Plenária desta terça-feira (15/4) na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) teve como principais assuntos as cheias dos rios e suas consequências para o povo do interior, além de denúncias sobre a crise na infraestrutura de Manaus
O deputado estadual Carlinhos Bessa (PV) anunciou que apresentou requerimento solicitando a inclusão dos municípios de Alvarães e Tefé no programa estadual “Ilumina+ Amazonas”, iniciativa do Governo do Estado voltada à ampliação e modernização da iluminação pública nas regiões do interior.
Segundo o parlamentar, a medida visa suprir a carência de infraestrutura básica em diversas comunidades que ainda convivem com a precariedade ou mesmo a ausência total de iluminação pública.
“Todos sabemos que existem inúmeros bairros e comunidades em nossa região que ainda carecem de iluminação adequada — quando não estão completamente às escuras, dispõem de equipamentos precários e de baixa qualidade”, declarou Bessa.
O “Ilumina+ Amazonas” tem como objetivo a instalação de luminárias de LED e a substituição de sistemas obsoletos, promovendo maior segurança à população e contribuindo para o desenvolvimento social e econômico das localidades contempladas.
De acordo com o deputado, a melhoria na iluminação pública representa um fator importante de prevenção ao crime e estímulo à atividade econômica. “A iluminação pública de qualidade não apenas coíbe a criminalidade, mas também contribui para o desenvolvimento econômico e social das comunidades”, afirmou.
Cheias dos rios
Já o deputado Rozenha (PMB) fez um apelo às autoridades estaduais e federais diante da grave situação vivida por municípios do sul do Amazonas, especialmente Humaitá, em razão das intensas cheias que atingem a região.
O parlamentar denunciou o que chamou de omissão e cobrou providências imediatas para enfrentar o que classificou como um “cenário de catástrofe contínua”.
Durante o discurso, Rozenha lembrou que, no ano anterior, o Estado sofreu com uma das secas mais severas de sua história, e agora, enfrenta o fenômeno oposto: inundações que já causaram o desabrigo de mais de duas mil famílias apenas em Humaitá.
“Ano passado, enfrentamos uma seca sem precedentes. Hoje, vivemos o oposto, e não menos trágico: uma enchente sem proporções já castiga várias cidades do nosso Estado”, afirmou o parlamentar.
O parlamentar destacou que decretos de emergência já foram publicados por prefeituras da região, mas ressaltou que, sem ações efetivas, essas medidas são inócuas. “Decretar, por si só, não resolve. É preciso consciência, é preciso ação concreta”, enfatizou.
O deputado estadual Adjuto Afonso (União Brasil) também manifestou sua preocupação com a situação crítica enfrentada por municípios atingidos pelas enchentes nas calhas dos rios Madeira e Purus, especialmente o município de Humaitá.
O parlamentar destacou que, assim como Boca do Acre, Humaitá vive um momento de grande instabilidade, com o agravamento das condições humanitárias e logísticas.
“É necessário que o apoio dos governos estadual e federal chegue de forma célere e efetiva. Essas populações não podem mais esperar”, declarou Adjuto Afonso.
Além dos impactos diretos nas populações atingidas, Adjuto Afonso ressaltou a importância estratégica da região do Rio Madeira para o Amazonas e seus vizinhos. “É por essa hidrovia que se escoa a produção regional e se transportam insumos fundamentais, como os combustíveis inflamáveis que saem de Manaus para abastecer Rondônia e outros estados. É uma rota vital para a nossa economia”, afirmou.
Interior
Durante pronunciamento na Assembleia Legislativa, o presidente da Casa, deputado Roberto Cidade (UB) repercutiu sua agenda pelo interior do estado, destacando compromissos nos municípios de Parintins, Autazes e Borba.
Ele também cobrou a concessionária Amazonas Energia por falhas graves no fornecimento elétrico em comunidades rurais do município de Manicoré, no sul do Estado, que estão há dez dias sem o serviço.
Pesquisa
O deputado estadual Delegado Péricles (PL) usou o plenário da Assembleia Legislativa para expressar indignação com os problemas crônicos enfrentados pela cidade de Manaus, em especial nas áreas de infraestrutura urbana, segurança pública e saneamento básico. O parlamentar se disse “estarrecido” com os dados de uma pesquisa recente que apontam a infraestrutura como o principal problema da capital amazonense, superando inclusive a segurança pública.
“Segundo essa pesquisa, os maiores problemas de Manaus hoje são infraestrutura, buracos nas ruas e saneamento básico — que, juntos, compõem mais de 40% das reclamações da população. Isso reflete o que vemos diariamente: ruas esburacadas, bairros alagados e ausência total de planejamento urbano”, declarou o deputado.
Em aparte, o presidente da Casa, Roberto Cidade endossou as críticas de Péricles. Segundo ele, Manaus vive “o pior momento de sua história recente” em termos de infraestrutura. “Bairros alagam todos os dias. Famílias vivem em risco permanente. Quando chove, o povo entra em pânico”, afirmou.
Roberto Cidade também denunciou o que classificou como “maquiagem eleitoral” por parte da Prefeitura de Manaus. Ele relembrou que, na legislatura anterior, a Assembleia aprovou um empréstimo e o Governo do Estado firmou convênio para pavimentação de ruas da capital.
“Na época, o prefeito anunciou o asfaltamento de 10 mil ruas, mas poucas foram realmente pavimentadas, e muitas de forma precária, apenas para tentar ganhar a eleição. Agora, com a cidade abandonada, ele vem falar em sistema tecnológico de gestão. Isso é uma falácia. Manaus precisa de obras reais, não de propaganda”, acusou.
O presidente da Casa também apontou a precariedade da Guarda Municipal de Manaus, que mesmo após a entrega de 200 novos guardas, continua insuficiente.
“Precisamos de pelo menos 3 mil guardas municipais. Não há presença da guarda nos terminais de ônibus, e isso compromete a segurança dos usuários. Manaus é a quinta capital que mais arrecada do Brasil. Não pode ser tratada com tanto descaso”, concluiu.
Delegado Péricles finalizou o discurso anunciando que apresentará requerimento solicitando informações detalhadas da Prefeitura de Manaus sobre os gastos realizados no programa “Asfalta Manaus”. Segundo ele, é dever da gestão municipal prestar contas à população e ao parlamento, sobretudo quando os recursos utilizados incluem investimentos oriundos do Governo do Estado.
“Manaus sofre hoje com uma das piores infraestruturas do país. É buraco, alagamento, falta de saneamento, ausência de guardas, violência nas escolas, e o povo quer respostas. Esta Casa vai cobrar, com firmeza, a responsabilidade da Prefeitura”, afirmou.