Nesta quarta-feira (12/2), o deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza) voltou a criticar o modelo de gestão das Organizações Sociais de Saúde (OSSs), no Amazonas, destacando a ineficiência e associação com casos de corrupção. Em Sessão Ordinária, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o parlamentar ainda lamentou o prejuízo milionário deixado pela OSS que administrava o Hospital Regional de Lábrea, caso alertado com antecedência por ele.
Na tribuna, Wilker Barreto apresentou registros de denúncias enviadas às suas redes sociais, onde médicos, enfermeiros e populares alegam situações precárias no atendimento e óbitos causados por negligência no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e no Instituto da Mulher Dona Lindu, ambos geridos pela OSS Agir.
“Venho recebendo mensagens da classe médica e da enfermagem, de situações de óbito no (Hospital) 28 de agosto, já administrado pela OSS. Nas mensagens, relatos de atendimentos por acadêmicos no politrauma, que no momento que o paciente precisava ser intubado, o médico não conseguiu, quem conseguiu fazer foi o fisioterapeuta. Também recebi ontem de um médico do Platão Araújo, com prontuário e tudo de entrada: “Olha deputado, esse paciente estava no 28 de Agosto deram alta para ele. Não fizeram uma colostomia lá, causou uma fístula”, alertou.
Para o deputado, a falta de transparência na gestão e a ausência da secretária de Saúde do Estado, Nayara Maksoud, para prestar esclarecimentos sobre a atuação da OSS, agravam ainda mais a crise na saúde pública.
“Por que estou batendo nessa tecla? Porque estávamos eu e a Comissão de Saúde na última reunião do quadrimestre e ficou acertado que a secretária iria voltar a esta Casa para nós conversarmos abertamente sobre OSS, os números, propostas etc. Isso foi dia 5 de novembro, até hoje a secretária sequer remarcou ou marcou uma data”, complementou Wilker Barreto.
Prejuízo ao povo amazonense
Outro ponto abordado por Wilker Barreto foi o prejuízo milionário causado pela OSS Positiva Social, que administrava o Hospital Regional de Lábrea. O deputado lembrou que já havia alertado sobre o histórico de escândalos de corrupção da empresa nos estados do Rio de Janeiro e da Paraíba, mas, mesmo assim, o Governo do Amazonas manteve o contrato.
O resultado foi a paralisação de médicos por atrasos salariais e a precarização do atendimento.
“Se não fosse trágico, seria irônico. O governo do Amazonas informou o fato da Prefeitura de Lábrea estar assumindo de novo o hospital. Eu alertei: vai dar problema. E para onde foram os R$ 12 milhões? A OSS volta para o seu estado, leva o dinheiro do povo do Amazonas, fica devendo e a conta é nossa. Enquanto a transparência não vier para a mesa, enquanto uma secretária se esconde atrás dos números, eu não estou convencido, porque onde passa OSS passa corrupção”, enfatizou.
Cobrança
Por fim, Wilker Barreto anunciou que encaminhará ao Ministério Público todos os materiais de denúncias e constatações que tem recebido sobre a ineficiência das OSS. Além disso, o deputado também protocolou, novamente, um requerimento de convocação da senhora secretária de Estado de Saúde para que sejam prestados os esclarecimentos sobre a realidade dos fatos e dos números, resultantes da gestão da OSS Agir no Complexo Hospitalar Sul.
“Eu estou juntando todo esse material e encaminhando ao Ministério Público. Por isso, eu estou pedindo informações, em nome da Comissão de Saúde, para que possa ser compartilhado com todos os deputados, marcando a reunião aqui nesta Comissão. Ao mesmo tempo que já dei entrada hoje na Comissão de Saúde, já peço que os membros possam assinar, a volta das fiscalizações”, declarou.
Modelo de gestão
Vale lembrar que desde o início do ano passado o deputado estadual Wilker Barreto alertou com frequência, na tribuna, a falta de transparência no processo de contratação da Agir, que tem sido alvo de investigações relacionadas a fraudes, irregularidades no uso de verbas públicas e envolvimento em práticas de perseguição e assédio. Além do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), responsável pela gestão da UPA Campos Salles e Hospital Delphina Aziz, que recebeu por transplantes renais não realizados.
Da mesma forma, o deputado também já convocou inúmeras vezes a vinda da secretária Nayara Maksoud à Casa Legislativa, para prestar esclarecimentos acerca da aplicação de recursos públicos no modelo de gestão que, comprovadamente, não deu certo no município de Lábrea e vem sendo aplicado no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e no Instituto Dona Lindu, nominado pela atual gestão como Complexo Hospitalar Sul.